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Livro de Ouro : primeira advogada portuguesa, primeira procuradora judicial, primeira notária, primeira conservadora do registo predial: homenagem à Exma. Sra. Doutora D. Regina Pinto de Magalhães Quintanilha de Sousa Vasconcellos / Comissão Organizadora do Livro de Ouro. - [Lisboa: s.n., 1941]. - [347] f. ; 35 cm
Regina da Glória Pinto de Magalhães Quintanilha de Sousa Vasconcelos, nasceu em Santa Maria, Bragança, a 9 de Maio de 1893. Frequentou o Colégio de Franciscanas e o Liceu, em Bragança, o Colégio de Nossa Senhora da Conceição e o Liceu Rodrigues Ferreira, no Porto.
Em 1910, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. O Conselho Universitário reuniu propositadamente para deliberar sobre o ingresso de um aluno do sexo feminino. No dia da sua entrada na Universidade, a 24 de Outubro de 1910, com apenas 17 anos, Regina Quintanilha foi recebida por toda a Academia formada em alas com as capas no chão a dar-lhe passagem.
Foi a primeira mulher licenciada em Direito e Advogada em Portugal.
A 14 de Novembro de 1913, Regina Quintanilha fez a sua estreia como Advogada no Tribunal da Boa Hora, depois do Supremo Tribunal de Justiça lhe ter dado autorização para advogar. Não obstante, só em 1918 o Decreto n.º 4676, de 19 de Julho, viria a consagrar a abertura plena da Advocacia às mulheres.
A 15 de Novembro de 1913, o jornal "A Luta" relatava da seguinte forma a estreia da primeira advogada portuguesa: "inquiriu as testemunhas e, apezar de ter sido apanhada de surpreza, mostrou as suas faculdades de intelligência, fazendo salientar em favor das rés todas as circunstâncias favoráveis à defesa. Ao ser-lhe dada a palavra, d’ella usou durante algum tempo com muito brilhantismo, deixando em todos a impressão de que de futuro, a dedicar-se à carreira da Advocacia, muito há a esperar da sua intelligência".
Para além de Advogada, Regina Quintanilha exerceu também as profissões de Notária, Conservadora do Registo Predial e Procuradora Judicial.
Casou com Vicente de Vasconcelos, Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça e foi mãe de dois filhos.
Em 1941, por ocasião da comemoração das bodas de prata de início da sua carreira profissional, uma Comissão composta por 67 Mulheres portuguesas, coordenada por Judite Maggiolly, levou a efeito uma homenagem, traduzida na elaboração de um Livro reunindo dezenas de textos manuscritos de personalidades dos mais diversos quadrantes da sociedade portuguesa, designadamente o Presidente da República, General Carmona.
Até 26 de Abril de 1957, data em que requereu a suspensão da sua inscrição na Ordem dos Advogados, Regina Quintanilha exerceu de forma exemplar a Advocacia em Portugal, Brasil e Estados Unidos da América, sendo autora de diversos trabalhos de natureza jurídica.
O Livro de Ouro que homenageia a primeira Advogada portuguesa, profusamente ilustrado com belas iluminuras e aguarelas, foi oferecido à Ordem dos Advogados, em 1992, pelos descendentes de Regina Quintanilha, fazendo parte do acervo da Biblioteca da Ordem dos Advogados.
A obra encontra-se em excelente estado de conservação, apresentando apenas ligeiros vestígios de manuseamento, designadamente alguns cantos inferiores de folhas quebrados. A encadernação de cor castanha é decorada com frisos e motivos florais em dourado.
Regina Quintanilha faleceu em Lisboa, a 19 de Março de 1967.
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