Notícias de imprensa

13-02-2006
Dias Costa e Melo Biscaia homenageados
 

 

Em comum têm o facto de se dedicarem a esta causa há mais de 50 anos de alma e coração e partilharem os escritórios com os filhos. Dias Costa e Melo Biscaia estão intrinsecamente ligados à evolução da profissão e foram homenageados pela delegação da Figueira da Ordem dos Advogados, numa cerimónia em que o Bastonário fez questão de estar presente, considerando o reconhecimento como a «celebração da advocacia»


 

 

O Bastonário da OA, o presidente da delegação da Figueira e os homenageados

 

A homenagem aos dois causídicos figueirenses partiu da delegação da Figueira da Ordem dos Advogados mas contou com a presença de perto de duas centenas de pessoas, entre advogados, magistrados e funcionários de tribunais de todo o pais, principalmente da região. Para o Bastonário da Ordem dos Advogados celebrar 50 anos de advocacia «é um bom sinal, uma marca notável, sinal de que houve um comportamento ético e deontológico que merece aplaudo». Rogério Alves considera que, tantos anos na profissão, significam que Melo Biscaia e Dias Costa «foram cumpridores dos seus deveres», e a homenagem, sublinhou, «acaba por ser a celebração da advocacia, enquanto actividade livre».

No entanto, esta distinção foi encarada com simplicidade pelos dois advogados. Melo Biscaia, à margem da cerimónia, diria modestamente que não a considerava como homenagem, porque «tenho a consciência que não fiz advocacia com brilhantismo, fiz com normalidade, mas sempre com muita honestidade». Após 54 anos dedicados à profissão, Luís Melo Biscaia fez questão de evocar alguns valores, como o facto de se ter dedicado «a praticar a função social da advocacia que muitos esquecem», ou seja, especificou, «atender tão bem os ricos como os pobres, trabalhar para que sejam respeitados os legítimos interesses dos carenciados», disse, considerando que actualmente é mais difícil exercer advocacia, porque antigamente «havia uma fixidez periódica das leis e hoje há o que eu chamo uma diarreia legislativa».

Também Dias Costa encarou a homenagem como o mesmo espírito despretensioso, considerando ser «uma gentileza dos meus colegas da qual não me considero merecedor», disse, recordando o tempo «em que se faziam julgamentos até à meia-noite, num velho tribunal da Figueira (no edifício onde actualmente é a câmara)».

O causídico considera ainda que actualmente «há advogados a mais, duvido que todos possam viver da advocacia», e por isso, não tem dúvidas em sustentar que «se perdeu um pouco a génese da vertente do tribunal e passou a haver uma advocacia que outrora era chamada de procuradoria». Dias Costa sublinhou ainda o facto de existirem «muitos jovens a tirar a curso e talvez muitos mal preparados, o que não é de admirar porque houve uma proliferação de faculdades extraordinária», afirmou, comparando as duas faculdades que existiam no seu tempo contra as actuais, «pelo menos 17».

A cerimónia de homenagem aos dois causídicos foi o culminar de um dia que englobou ainda duas reuniões, uma de índole mais interna do conselho geral da Ordem dos Advogados e outra com os advogados da Figueira, com uma «troca de impressões franca e aberta», segundo o Bastonário da OA. Rogério Alves considerou ainda que a advocacia «é a campeã da luta pelo aperfeiçoamento do Estado de direito», sendo possível «sensibilizar a opinião pública para a necessidade de alterar aspectos da justiça que é lenta, cara e arcaica», deixando «muita gente de fora».

 

Bela Coutinho

Notícia publicada no dia 13/02/2006 no jornal "Diário de Coimbra"



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