Notícias de imprensa

Justiça consensual e solidária
 

Nome: Daniel Alexandre da Silva Andrade
Idade: 48 anos
Profissão: Advogado
Naturalidade: Castro d’Aire
Signo: Gémeos
Passatempo: Ler livros de e sobre História


 

Tem duas paixões. História e matemática. Gosta muito de História e ultimamente tem-se interessado mais pela sociologia da História. Apesar dessa “paixão” assumida, nunca lhe passou pela cabeça seguir o curso. O mesmo se passou, claro, com a matemática, apesar de no sétimo ano de liceu ter, por opção, frequentado a disciplina como extra. Era bom aluno às duas mas a influência familiar levou-o ao Direito. O pai – membro da oposição democrática, republicano, laico e socialista –, recorda, “sempre me incutiu algum espírito de rebeldia contra a injustiça”. Talvez por isso, quem o conhece não hesita em afirmar que é solidário.
Solidariedade essa que pratica no seu dia-a-dia. “Quando se defende um criminoso”, afirma, “não se está a justificar a acção humana que aquele cidadão praticou. Quando se defende um criminoso está-se a lutar mais pela implementação dos direitos humanos relativamente aquele criminoso e a lutar para que lhe seja aplicada a pena adequada aos delitos que ele praticou”.
Depois da infância em Castro d’Aire e Viseu, a escolha por Coimbra foi óbvia. “Havia uma certa mística no Direito”, afirma. Concluiu o curso em seis anos, um a mais devido ao “esquecimento” de regressar da Suíça após umas férias. Só voltou em Fevereiro, quando o pai se fez à estrada e o foi buscar.
“Sempre fui um estudante mais para a reflexão do que para o estudo”, confessa, procurando justificar a opção pela barra do Tribunal em detrimento de uma carreira académica. “Fiz o curso sempre com o objectivo de ser advogado. Nunca pretendi ser outra coisa na vida”. O gosto pela advocacia contribui para que se sinta, hoje, profissionalmente realizado. “Para mim, a minha profissão é uma paixão”.
Uma das colegas com quem partilha o escritório, Conceição Gomes, assegura que “trabalhar com ele é muito gratificante. É uma pessoa com quem se aprende sempre”. Um advogado “sereno e com profundos conhecimentos jurídicos e do exercício da profissão”, afirma.
Do início da profissão, Daniel Andrade recorda o convívio salutar que se cultivava entre todos os profissionais da Justiça. “Era completamente diferente do que é hoje”. Havia tempo para um lanche diário numa pastelaria próxima do Tribunal, onde se partilhavam histórias e experiências profissionais e de vida. “Éramos quase uma família e os mais velhos tratavam os mais jovens com muito carinho e procuravam sempre encaminhá-los na prática do Direito”.

 

Amigo e solidário

 

A postura de Daniel Andrade, no entanto, reflecte aquele modo de estar na vida e na profissão. Dois antigos clientes, hoje amigos, o médico Mário Campos e o empresário Armindo Andrade, não lhe poupam elogios.
“Daniel Andrade é um trabalhador incansável e muito organizado que tem a capacidade de, facilmente, passar do campo profissional para o da amizade”, refere Mário Campos. “É um homem de princípios, solidário com as causas sociais, que defende e representa bem a profissão que tem”.
Armindo Andrade vai mais longe. Conheceu Daniel Andrade no início da década de 90, quando precisou de contratar os seus serviços. “Na altura, verifiquei que é uma pessoa solidária, que compreendeu o meu problema e se pôs desde logo a meu lado”, recorda. “Tratou da questão com muita competência e profissionalismo”. Para o empresário, o advogado, por quem tem “muita estima e consideração”, é um homem “que encara a profissão com seriedade e um amigo de trato muito afável”.
Acrescenta que é “altamente educado”, com um “perfil humano excepcional” e que “a sua postura cívica é do melhor com que se pode lidar”. A tudo isto, Armindo Andrade junta “muito bom senso” e um “profissional muito rigoroso que acima de qualquer interesse coloca o sentido de justiça”. Salienta ainda que é um homem que “procura consensos” e “nunca pactua com situações dúbias”. Em suma, um profissional “muito competente, rigoroso e consciencioso” que tem a característica “muito especial de não procurar complicar as situações”.
Daniel Andrade, por seu turno, reconhece que a morosidade da Justiça causa a todos os profissionais, especialmente aos advogados, uma enorme frustração. “Nós somos os que lidamos com as pessoas e sentimo-nos um pouco culpados, mesmo apesar de não termos culpa nenhuma. Mas somos os únicos na Justiça que cumprimos prazos, porque se falhamos algum, o nosso cliente perde”. A procura de consenso tem, por isso, sido cada vez mais uma realidade, até pelos próprios clientes. “Eu tenho a impressão que os advogados levam para Tribunal para aí 40% dos assuntos que lhes chegam ao escritório”.

 

Profissão apaixonante, mas desgastante

 

Apesar de a profissão ser hoje muito mais absorvente do que há umas décadas atrás, Daniel Andrade ainda encontrou tempo para se candidatar à direcção do Conselho Distrital de Coimbra da Ordem dos Advogados. Uma opção que lhe rouba algum tempo à profissão e à família, mas que sente recompensada pela compreensão de todos. Mas também porque a “Ordem está bem e recomenda-se”, assegura. “Aconteceram coisas na Ordem que não deviam ter acontecido. A Ordem não combateu devidamente algumas das reformas que se fizeram”, nomeadamente a acção executiva e a reforma do apoio judiciário, assuntos que “vieram afectar muito o exercício da advocacia”.
Constrangimentos à parte, “o sistema judicial português é um sistema completamente fiável”, assegura. “A culpa do mau funcionamento do sistema não tem nada a ver com quem lá está”, mas sim “com a não implementação de determinadas reformas na altura própria”. Os advogados, afirma, têm que ser bons profissionais ou então não são procurados. Os juízes têm, obrigatoriamente, que trabalhar “desalmadamente”, correndo o risco, se não o fizerem, de verem o seu juízo irremediavelmente entupido de processos. Tudo argumentos para que Daniel Andrade afirme que a profissão que tem, tem forçosamente que ser uma paixão, “porque se não é muito, muito desgastante”.



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