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Advogados a mais? Não... Especialista em grelhados
 

Daniel Andrade tem a ideia de que não há advogados a mais. Por uma razão simples: "de há uns anos a esta parte, o número de advogados tem estabilizado. O nosso número de associados tem andado entre os 3.400 e os 3.500 advogados". Tudo porque, segundo o presidente do Conselho Distrital de Coimbra da Ordem dos Advogados, à entrada de novos advogados corresponde igual número de saídas por suspensão de actividade. O mercado saturado é uma das possíveis razões para esta tomada de posição. Uma situação causada pelo aparecimento, na década de 90, de licenciaturas em Direito. Só que, com a diminuição de alunos no ensino superior, o panorama mudou. "Embora o curso de Direito tenha muitas saídas, a verdade é que a maioria vai para a magistratura e advocacia", considerou.

Sobre as alterações previstas nas licenciaturas, devido ao Processo de Bolonha, Daniel Andrade defendeu a posição da ordem. Nesse documento, é proposto que o último ano (mestrado) do curso seja "vocacionado para o exercício de uma profissão forense". "O ensino de matéria científica mas com índole prática. Por exemplo, na área do processo civil, penal, retórica, deontologia e até permitiria que os licenciados não tivessem de fazer a primeira parte do estágio", afirmou. O mandato termina este ano. Para trás, ficou um trabalho de forte ligação aos agrupamentos de delegações com sede em cada uma das capitais de distrito da região Centro.

Uma liderança que implica grande disponibilidade de tempo - "vou dois dias por semana à ordem", considerou - e, como tal, ainda não permitiu pensar na recandidatura. "Aqui em Coimbra, a situação é diferente de Lisboa, onde se começa a pensar na candidatura a bastonário com um ano de antecedência. Pensarei nisso na altura certa, com tempo. Ainda não é altura para decidir, mas posso garantir-lhe que anunciarei a minha decisão em breve", disse.

Quanto ao novo Palácio da Justiça de Coimbra, desconhece o ponto da situação. Mas, com o novo mapa judiciário, Daniel Andrade não sabe "até que ponto o edifício actual não será o adequado às suas necessidades futuras".

"Castrense" de nascença, Daniel Andrade confessou que na cozinha gosta de fazer grelhados. "Acho que sou um bom cozinheiro de grelhados", disse, deixando mesmo alguns conselhos para quem pensa que pôr carne ou peixe no assador não tem ciência. "Se colocar um pedaço de carne ou peixe em cima da brasa sem qualquer cuidado, dificilmente conseguirá um bom sabor. Se a carne for posta um pouco antes para abrir, o sabor será, concerteza, diferente", afirmou. Mas as habilidades na cozinha não se ficam por aqui. Petiscos e, principalmente, "uma sapateira que toda a gente elogia", são outros dos pratos onde dá cartas. "Saí de Castro Daire para estudar em Viseu com 15 anos. E, como tal, tive de aprender a desenrascar--me", afirmou.

A falta de tempo obriga-o a ler menos do que gostaria. Mesmo assim, ainda arranja espaço para se debruçar nas obras de história.

"Gosto muito de história. E, como tal, leio livros de história e, sempre que posso, também leio livros de sociologia. Acho que tem uma coisa a ver com a outra", disse. Não está na mesinha de cabeceira, mas acompanha-o sempre. É o livro que relê algumas vezes e do qual tira "algumas coisas". É o caso das "Confissões de Santo Agostinho". "É uma obra apaixonante. São três volumes do qual eu, às vezes, não dispenso uma leitura", afirmou.

Quanto ao cinema, "ia muito", mas gosta mais "de ver em casa". A sua preferência vai para os filmes de qualidade. Quais? "Kramer contra Kramer. Um filme soft mas que coloca questões de vida das pessoas e nas quais se revêem", afirmou. Martin Scorcese, Steven Spielberg, Joaquim Leitão e Fernando Lopes são alguns dos realizadores preferidos.

"Os filmes de Manoel de Oliveira têm de ser vistos em determinadas épocas do dia. É preciso ter estofo para ver os filmes dele", afirmou.

Para não ferir susceptibilidades, Daniel Andrade revelou que é adepto do Grupo Desportivo de Castro Daire. Dos grandes, a sua preferência vai para o Benfica. "Mas não sou doente do futebol. Ao vivo, vi apenas seis vezes o meu Benfica", disse.

 

Luís Carregã

Notícia publicada no dia 27/04/2007 no jornal "As Beiras"


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