O advogado Serguei Stanislav Markelov e a jornalista Anastasia Baburova foram barbaramente assassinados há uma semana em Moscovo. Markelov foi morto a tiro em pleno centro de Moscovo. A jornalista do Novaya Gazeta Anastasia Baburova, que estava no local do crime e que tentou socorrer o advogado, foi atingida na nuca, tendo morrido depois no hospital.
Serguei Markelov, que tinha sido também advogado da jornalista Anna Politovskaya, assassinada em Outubro de 2006 por denunciar atrocidades perpetradas por militares russos na Chechénia, era um reconhecido activista dos direitos humanos.
Estas mortes juntaram-se aos crimes cometidos contra quem tem denunciado atrocidades cometidas nos confrontos na Tchetchénia, que desde 1994 opuseram o exército russo e o movimento separatista tchetcheno.
“A Comissão Europeia está chocada com esta situação”, afirmou o porta-voz comunitário, Johannes Laitenberger, em conferência de imprensa, salientando que as vítimas eram “pessoas que estavam comprometidas com a defesa dos direitos humanos”, apontando ainda para a necessidade dos jornalistas “com voz crítica” desenvolverem o seu trabalho “com segurança e sem nenhum perigo para as respectivas vidas”.
Markelov era advogado da família de Elza Kungaieva, uma rapariga tchetchena de 18 anos que foi assassinada por um oficial do Exército russo. O coronel Iuri Budanov foi condenado a dez anos de prisão por esse crime, em 2003, mas acabou por ser libertado na semana passada. O advogado manifestou em conferência de imprensa a sua indignação com o facto de Budanov ter sido libertado e ontem foi alvejado por um desconhecido quando regressava do encontro com os jornalistas. Ao lado de Markelov estava a jornalista Anastasia Baburova, de 25 anos, da Novaia Gazeta – a mesma publicação em que trabalhava a jornalista Anna Politovskaia, assassinada em 2006 – que viria a morrer pouco depois.
Um comunicado da comissão de inquérito do Ministério Público russo anunciou que as causas do assassínio estão a ser investigadas e que estão relacionadas com a actividade profissional da vítima.
O pai de Elza Kungaieva, Vissa Kungaieva, disse à rádio independente Eco de Moscovo que Markelov tinha recebido ameaças. “Disse-me que lhe enviaram mensagens SMS a dizer-lhe que ou parava com o caso Budanov, ou seria morto.”
O Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados repudia as manifestações de violência para com advogados e jornalistas e presta homenagem a um advogado livre e corajoso e que pagou com a vida a sua dedicação às causas da Justiça.
Lisboa, 26 de Janeiro de 2009 |