08-05-2009Mensagem do Conselho Distrital de Lisboa
Reprovação do Relatório e Contas de 2008
Os Advogados foram confrontados com mais uma mensagem do Bastonário que apela à divisão da Classe.
Nela se diz que a reprovação do Relatório e Contas de 2008 não tinha razões para ocorrer e que não foi sequer fundamentada e, que por isso, os Colegas por tal responsáveis, devem ser “postos de castigo”. Apenas porque, exercendo o seu direito de voto e o dos colegas que para esse efeito em concreto os mandataram, reprovaram o Relatório e Contas de 2008. Basta ouvir a intervenção que fez o Presidente do Conselho Distrital de Lisboa para perceber das várias razões para se votar como se votou.
São razões de fundo, profundas e que desaguam, também, mas não só, na ausência de actividade, na falta de rigor e de racionalidade da gestão, nos desvios orçamentais, no belicismo e divisionismo que o Bastonário instalou recentemente na Ordem e que quer estender à Classe. Dividir para reinar, pensar-se-á.
Mas os Advogados nunca se comportaram assim. A Ordem nunca foi pólo de discórdia entre os Advogados. Nunca um dirigente da nossa Ordem até agora, do mais alto ao mais baixo, fomentou lutas fratricidas. Porque a nossa união sempre foi a nossa força. Perante o poder político, perante os cidadãos.
Nunca um dirigente da Ordem levou para as nossas Assembleias as câmaras da televisão como agora acontece. O que se passava dentro de casa entre nós era resolvido. Já não é assim. E não é assim porque não há vontade de aproximar as pessoas e os membros órgãos, mas sim de prosseguir uma política de permanente confrontação.
Acusa-se, agora, os Conselhos Distritais de terem poupado verbas significativas, depois de se ter dito, falsamente, que gastam à “tripa forra”. Afinal em que ficamos?
Ou é, antes, sinal de que os Conselhos Distritais têm, efectivamente, uma política de contenção e de rigor, isto ao contrário do que sem conhecimento de causa ou, pior, com demagogia e populismo fáceis, se apregoou.
E é sinal que os Conselhos Distritais tiveram uma particular prudência face aos ataques sistemáticos, ameaças e asfixia financeira de que são alvo. Não fossem os excedentes orçamentais que se geraram, com o rigor que esteve na base e como poderiam ter sobrevivido, mal, muito mal alguns, os primeiros quatro meses praticamente sem transferências de verbas do Conselho Geral?
Saber comandar não é, como dizia Max Weber, a “capacidade de obrigar”. Saber comandar é, sobretudo, a capacidade de ser obedecido, de persuadir, de convencer... É a arte de dirigir pelo diálogo, de influenciar pela razão, de decidir com respeito, ouvindo e compreendendo os outros, de os unir e de os organizar, respeitando todos e respeitando a diferença. Não é isso que hoje acontece na nossa Ordem. E é pena. Cada um será certamente responsabilizado pelos seus actos e, também, pelas suas omissões.
O Conselho Distrital de Lisboa, independentemente do que diga ou do que escreve, quem quer que seja, vai continuar a trabalhar em favor da Advocacia. Não se vai, pois, sequer responder a invectivas e ofensas, porque não queremos incentivar mais belicismos internos, nem aceitamos reptos para lutas fratricidas.
Estivemos e sempre iremos estar à disposição do Bastonário e do Conselho Geral para em consenso e com respeito mútuo pela divergência de opiniões, encontrarmos as melhores soluções e caminhos para a nossa Ordem e para os Advogados. Lutas difíceis existem a travar e outras se aproximam. E, por isso apelamos, não ao divisionismo e ao belicismo, mas, à união e conjugação de esforços de todos nós, dos Advogados entre si, dos Advogados com a Ordem e dos órgãos da Ordem entre si.
É disso que necessitam os Advogados. É disso que precisam os Cidadãos. É isso que pede o País. Vamos, pois, continuar a trabalhar, não para fomentar ou incentivar a discórdia, mas, em prol da Advocacia e dos Advogados.
O Conselho Distrital de Lisboa
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