18-05-2009No mundo actual vale o poder do mando, rege o economicismo e impera a gestão de interesses
No mundo actual, perdeu-se a noção de respeito e abandonou-se o cultivo das virtudes, porventura também porque se perdeu o sentido da arte e o espírito de cultura. Vale o poder do mando, rege o economicismo e impera a gestão de interesses.
Na véspera do Dia do Advogado entendeu o CDL inaugurar um humilde espaço de arte e um pequeno nicho de cultura. E no Dia do Advogado decidimos nada dizer nem fazer por respeito e por necessidade de reflexão.
Na profunda tristeza do estado a que se chegou na sociedade e na Instituição, e na crise que não parece ter fim, é preferível parar para pensar, nada dizer e tudo suportar? Ou há que reagir, lutar e repor a legitimidade? Ambos os momentos são necessários.
Não temos muitas dúvidas sobre qual o caminho a seguir, mas amanhã, Dia do Advogado, a nossa expressão maior será o simbolismo da ausência e o extremo ruído do silêncio.
Fazemo-lo, sem prejuízo do respeito pelos Colegas agraciados e que entendam estar presentes no Dia do Advogado, não apenas pela forma desrespeitosa que foi usada na convocação e organização dessa iniciativa, mas sobretudo pelo momento interno vivido na Ordem que não justifica festas nem comemorações.
E porque a ausência e o silêncio também exprimem uma posição.
Por falar em silêncio, o Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados não quer deixar de repudiar veementemente o assassinato do advogado Rodrigo Rosenberg Marzano que abalou fortemente a Guatemala.
Segundo Luís Mendizábal, a quem o advogado assassinado confiou um testemunho polémico divulgado post mortem, Rosenberg planeava apresentar um caso de burla e corrupção à Comissão Interamericana de Direitos Humanos em Washington. Não foi protegido, não pôde fazê-lo pessoalmente e, agora, as Nações Unidas investigam o crime.
Mas a sua luta, mesmo depois da morte, não abrandou; deixou um vídeo comprometedor no qual implicou o Chefe de Estado, a Primeira-Dama e o Chefe de Gabinete do Presidente. Houve mesmo um periódico nacional que afirmou, transcrevendo parte da mensagem, que “Domingo, horas depois de ser baleado … o advogado «ressuscitara» na internet: «Boa tarde. O meu nome é Rodrigo Rosenberg Marzano e, infelizmente, se estão a ouvir esta mensagem, é porque fui assassinado pelo Presidente Álvaro Colom”.
Independentemente do que as investigações ditarem, é dever de todos nós repudiar a violência e o terrorismo e o atentado à vida dos advogados e à liberdade da advocacia.
Conselho Distrital de Lisboa
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